Ao retornar do trabalho Lorum obedece inconscientemente o mesmo trajeto.
Curva a curva, esquina a esquina tudo é exatamente igual.
Só as pessoas não são as mesmas.
O frentista do posto de gasolina é o mesmo com a atenção peculiar de sempre;
A garota da panificadora é a mesma e a pergunta é sempre a mesma:
- O próximo?
Na drogaria o balconista parece saber o que Lorum vai pedir, porque
sempre é ele quem o atende. Mas elas não são iguais!
De ontem para hoje muitas coisas aconteceram em suas vidas.
São as mesmas pessoas de sempre;
Só não são as mesmas pessoas que estavam lá ontem.
Lorum entendeu o significado da frase:
Você nunca entra no mesmo rio duas vezes!
Tudo é igual, até a água parece a mesma.
Mas é a primeira vez que essa água passa por você nesse rio.
Pessoas tem sangue nas veias.
Olhando o corpo humano amiúde, notamos a imensa
bacia hidrográfica que o sangue movimenta.
Hoje o balconista me tratou melhor!
Qual o sentido
do primeiro dia
da semana ser
o segundo?
As segundas são tão primeiras quanto os primeiros.
O que importa é que sei.
Talvez porque nas segundas, exista algo que apesar de ser antigo, tanto quanto, não podem se apresentar.
Há coisas que os primeiros não podem se inteirar.
Não que não mereçam, mas por não fazer sentido destruir algo por algo que não pôde seguir.
Existiu. Como a semente plantada, há de florir, há de emergir, há de sorrir.
Hão de se encontrar.
Esse dia há de chegar, se não agora, certamente na próxima.
Se é possível fazer algo?
Apenas conduzir o pensamento ao alto para que as segundas estejam bem.
Prosperando, sendo assistidas, seguindo adiante.
Segunda, primeiro, não é uma questão de ordem, é uma questão de tempo.
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