Revendo Amigos
O bom de retornar às cidades que morávamos, de tempos em tempos, é poder ser surpreendido pelo reencontro com amigos, conhecidos, parentes, enfim, gente.
E melhor ainda quando é uma pessoa querida, alegre, está sempre trazendo novidades ou nos fazendo lembrar de coisas, causos e palavras por nós esquecidas.
Na manhã de terça feira, 11/07, após a caminhada na pista¹, Eric e eu fomos até ao Mercado do 1. Tem esse nome por ser o KM 1 do que provavelmente já foi a saída de Porto Velho sentido sul do país. Na barraca da Conceição, (saudades do vozeirão do Cauby), uma tapioca de responsa, massa grossa e macia, carne, ovo e queijo. Dez! Um café preto sem açúcar, olho para o lado à minha frente, quem vejo? Fui até ele e disse “- Se não é ele é irmão dele!”, mais que depressa, instantaneamente ao final da frase ele emendou, “- Sou eu!”. Léo Ladeia.
Falamos de um tudo. Menos maldizer de quem quer que seja. Embora, tem uma penca de políticos que merece um tratamento especial, tipo sexta-feira da paixão, aquele boneco que penduram nos postes e dê-lhe peia. Me fez lembrar um tanto de ditados populares, daqui e de outros estados. Lembrando a ele uma patologia crônica que me acometeu, e quando o médico me examinou disse que eu estava no Bico do Corvo, ele logo enriqueceu a conversa, “- Se fosse aqui, você estaria na Pica do Saci”. Verdade. Mas se não bastasse, lembrou-se de um ainda mais antigo e do qual havia me esquecido, “- Você tá vivendo de nhapa²”. Isso tudo porque sou igual a uma seriguela, por fora vermelhinha e bonitinha, por dentro cheia de tapuru³. Se não fizer a reposição hormonal diária, eu disse diária, nada funciona.
Por seu turno, Léo mostrou-se preocupado com resultados de exames médicos, não propriamente com o exame ou o resultado, mas com uma luz amarela muito comum de acender em momentos semelhantes. Contou que está mais introspectivo nestes últimos dias, uma questão de foro íntimo, reflexivo, analítico em relação ao sentido da vida e dos acontecimentos. Relaxa meu caro, ainda espero lhe ver na rua 1900, na areia branca de Itapoá, tomando uma gelada e de pés descalço, só angariando energias da Rainha da Pedra Mar.
Bom te ver!
¹ Pista – Espaço da Av. Jorge Teixeira entre Hospital de Base e Aeroporto. Fica fechado pela manhã, das 5 às 9 ou 10h, de domingo a domingo no sentido de quem vem do Aeroporto, para que a população possa caminha, pedalar, surfar no skate, entre outras.
² Nhapa – Viver de sobras, migalhas, daquilo que se ganha. No jogo de Bolitas, aqui conhecido como peteca, as bolinhas de gude, quando o sujeito ganha todas as bolitas do adversário, ele dá algumas para que o jogo continue.
³ Tapuru – Coró, bicho, vermes.
Ministra da Eucaristia
Neste domingo, 9 de Julho, às 21:00, chegaram, Graciela e Gil com o filho Emílio, vieram trazer a Montanha até Maomé. Como o Ernandes não está podendo se locomover, o Ministério da Eucaristia veio até ele. Uma visita importante em momentos onde a presença de Deus, através de seus emissários, vem trazer alento e esperança às nossas ansiedades. Graciela veio representando a Comunidade Católica Espírito Santo, realizou a missa e ofereceu a eucaristia ao Ernandes. Gestos simples, porém, grandioso no propósito do servir aos cuidados do Divino Mestre. A Montanha é grande na sua bondade, no seu amor e na cura aos que lhe devotam a fé ardorosa, a montanha é Jesus.
A devoção ao ensinamento
Nesta manhã, 05:15, chega à casa do pai e pacientemente, com atenção e carinho lhe dedica todo o amor e compreensão.
Um ritual rotineiro quando não está fora em viagem.
Há uma parcela de entrega além do que se espera de um filho, é o reconhecimento de uma amizade de longa data.
Cada um tem sua missão nesta vida, mas é possível acomodar certos compromissos em favor de algo ou alguém que nos alegra.
O alimento mais eficaz, o amor!
ERNANDES, indião.com
Num breve resumo, passarei as impressões colhidas neste tempo tão comum e tão exótico. É absurdo pensar que outros não o tenham passado, sobretudo, levando-se em conta a nossa idade. Neste período da vida é comum vivenciar o entra e sai de clínicas e hospitais para reparar aquilo que negligenciamos por anos a fio, nossa qualidade de vida, senhora saúde. Exótico, pelo mesmo motivo de singularidade para com os demais que, sempre repetem o mantra, sabia que um dia iriamos passar por isso, mas assim?, sempre é novidade para quem está na roda da vez. E os dias morosos e arrastados de antanho, desfilam com passos boltniano. Ainda que pareça o melhor, passar rápido nos distancia ainda mais da realidade. Pensando em criar vínculos com o momento, com pequenas frases que escapam-lhe ao pensamento, em meio a tanta informação e vai e vem, o agora vira depois, o hoje virou semana passada. Lá se vão dez dias de angústia e espera em dias melhores. A resignação e obediência à sua fé em Jesus Cristo é de impressionar. Não se percebe em seu semblante uma ruga sequer de reclamação ou lamento. Ao contrário, sua placidez e disposição são como bálsamo ao visitantes. Não perde oportunidades para encorajar, animar, explicar e aconselhar aos que lhe visitam. De uma calma beneditina. Lembra de todos, em particular, dos problemas de cada um. Um paciente digno de carregar esse nome. Está sempre em Paz e Ciente. Numa das visitas que tive com ele, explicava o porquê de haver pedido para sair da UTI do outro hospital a que se encontrava logo que fora internado, dizia que por não conseguir parar de tossir nem por alguns segundos, a crise era intensa, devido ao edema agudo de pulmão, ele não conseguia buscar a concentração na oração. Ele estava vendo que ia perder aquela luta. Sentia que as forças estavam se acabando e o desespero começou a tomar conta. Num esforço tremendo, segurando o máximo que deu entre uma tosse e outra, pediu ao amigo Jesus, tenho uma amizade boa com Ele, “minha conversa com Ele é sempre atendida e não abro mão disso!”, falou com os olhos fixos e lacrimejados. Em seguida, pouco tempo após esse diálogo, recebeu “ordens” de Deus, “Saia desse lugar agora, saia já!”. Diante disso, não esperou mais nem um minuto, chamou os dois médicos que o acompanhavam, numa conversa franca, deixou claro qual era a sua intenção. No outro dia já estava em casa. Evidente que não era a melhor opção, no entanto, tinha os cuidados dos familiares e da filha a quem dedica um carinho enorme. A irmã e a cunhada que sempre se deslocam de onde estão para acompanha-lo em situações como essa, estavam ao seu lado. A minha velhinha, como ele se refere à esposa. Os filhos, noras, netos, enfim, família, casa, lar. Esse ambiente foi salutar até este último dia 2/7, domingo, quando nova crise aguda o levou de volta ainda mais às pressas ao pronto atendimento da Unimed e posteriormente transferido à UTI do Hospital Central. Ontem recebemos a notícia de que será removido para um apartamento, a melhora do quadro possibilitou essa nova acomodação. E assim passam os dias, céleres e indesfrutáveis.
O negócio da...
Como já disseram, ri melhor quem ri por último!
Tenho toda a eternidade, não tenho pressa.
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