Meu Diário
20/07/2024 15h01
Dia do amigo

Dia do amigo 

A menos que esteja enganado, dia do amigo já foi comemorado este ano.

Essas coisas de angariar likes no mundo das redes, que para falar a verdade, rede boa é a do meu tempo, esticada, era só deitar e ver as teias de aranha no teto da varanda.

Vez por outra aparecia uma fake news, o carteiro chegava com um carnê da Buri ou do Ponto Certo, que a gente jurava que eles estavam errados.

Mas falando em amigos, tinha aquele que era tido como reclamão, sempre na defensiva e achando um culpado para os problemas que ele mesmo se metia.

O papudo, tudo dele era maior, melhor e mais bonito, e não adiantava argumentar, ele tinha a palavra final, e se pedíamos a prova ela saia com essa: - Tá duvidando? Por isso que não gosto de falar com você, não acredita nem no melhor amigo! Ou seja, ele já tinha se colocado na posição de número 1 das nossas relações.

E o amigo pegador? Nossa! Esse não perdoava nada que não fosse calça comprida, padre passava por ele segurando a batina, claro que era o mais fake news da turma. Pegava nem gripe o lazarento.

O almofadinha era o que menos se envolvia nas tretas com os amigos, sempre cuidadoso, nunca queria confusão, mas era o mais curioso, chegava atrasado e queria sentar na janela.

O fofoqueiro, bom esse é problema, sempre sabia de tudo e quando não sabia e ficava sabendo depois, dizia: - EU sabia!!! Lembra alguém?

Com as meninas a coisa era igual, com agravantes de que ficavam de mal uma com a outra por semanas e meses até. Amigos, todos iguais. 

Mas o bom mesmo era que no nosso tempo, amigos não tinham rede social, telefone era orelhão, e a gente tinha que se ver, sentar num banco de madeira improvisado de uma árvore que caiu e a conversa era olho no olho, nada de vídeo conferência, audiovisual ou coisa do tipo.

E sempre tinha no grupo o amigo mesmo, aquele que era o SEU melhor amigo. Ninguém precisava revelar, mas cada um tinha o seu. Era com esse amigo que cada um se importava e estava sempre a postos, principalmente quando ele não tinha razão e estava sendo julgado por todos, quando o amigo o procurava, você emprestava, sem pressa, o ouvido, a paciência, o ombro, se precisasse, até um dinheirinho do pouco que tinha.

Hoje se diz feliz dia do amigo olhando para uma telinha de celular, através de um même, o que não deixa de ser uma maneira de lembrar dos momentos que passamos juntos, mas os amigos do ontem, 

se encontraram ontem numa mesa comprida de um bar que também é de um amigo e celebraram sem saber que no dia seguinte seria o dia dos amigos. Isso é amizade. Nessa amizade não tem fake news.


Publicado por LuizcomZ em 20/07/2024 às 15h01
 
04/01/2024 16h34
A Tontura

Acordei às cinco e meia, senti um cansaço diferente do costume, a preguiça matinal do despertar, continuei na cama por um tempo mais, percebi que a parede desfocava, como se estivesse se movimentando, ao tentar sentar na cama percebi que a cabeça girava. Encostado na parede, sem me levantar, o que dava para ver é que a porta do quarto não parava, as imagens dos objetos dançavam, a tentativa em me levantar foi inútil, tombei para o lado e apoie na parede, ao movimentar meu primeiro passo, saiu para o lado e não para frente, esperei um pouco e insisti em caminhar, o que não vi possibilidade de seguir sem apoio. Consegui chegar ao banheiro e ao box, tomei banho e sempre que fazia movimentos de abaixar ou me virar, tudo girava, aprecei em sair do box, após me vestir com certa lentidão, fui para cozinha preparar meu café, tudo ainda girava, mais devagar, mas girava. Isso permaneceu até pouco depois de me medicar com um ampola de Nandrolona por recomendação médica, autoaplicação. Passado algum tempo, sai para tomar sol, caminhei por trinta minutos entre descanso e uma parada para um habitual café, ainda tive disposição para ir a uma gráfica imprimir um livro que havia baixado em pdf, voltei ao apartamento e fui preparar meu almoço, a tontura havia passado, mas abaixar não era uma opção.

Almocei e em seguida comecei a assistir uma série na Netflix, Bodies, por volta das quatorze e quize, acordei às quinze e quarenta. Ainda deitado no sofa, senti que o teto da sala estava girando, sentei e a vista firmou, tipo quando fiz o cruzeiro, em alto mar, algumas vezes, não mais que três, deu essa sensação, mas lá não ficava tonto quando caminhava, apenas na cabine, deitado. Hoje, quando sai para a caminhada, deu náuseas, leve, mas incomodou um pouco e percebi um pouco de halitose, a vista direita trêmula e um tanto dolorida, um incômodo como dor no nervo óptico, e o que mais me incomoda é o zumbido no ouvido, aumentou muito de volume e era perceptível somente quando eu me lembrava dele e agora ele me lembra o tempo todo, como um caminhão de cigarras a cantar sem parar. Perguntei ao Pelludo se isso ainda vai demorar, afinal, sempre passa após medicação, reforço hormonal e descanso, ele não soube precisar, mas alegou que pode estar relacionado ao tempo, o novo ciclo, ano novo. A mudança de ano não é só dormir 31 e acorda 1, a lua muda todo o tempo não só nas quatro fase que nos acostumamos a ver, e com ela a maré, aves sentem essa mudança, um albatroz pode não ser mais o mesmo de 31 para 1, então, perguntei para ele se isso tem a ver com o fato da minha busca por respostas em relação à Nathália, mapa astral, constelação familiar, epigenética, me disse que numa busca desse porte, e consequente aumento das expectativas, da ansiedade, se é levado a uma descarga de energias por respostas que o cérebro descompesa, e apesar da capacidade regenerativa de sua natureza, exigido a tal ponto, se reorganiza e acaba por fornecer elementos novos à compreensão a partir do subconsciente, e que, para a realidade, sendo novo, causa danos, tipo, desorientação perceptiva, degustativa e motora. Indaguei de onde ele extraiu tais informações, respondeu que esteve sempre no meu subconsciente e que só percebeu agora por haver essa necessidade em encontrar e buscar a reaproximação da filha. Ainda tem o fato da participação da mãe nesse processo, a ajuda incondicional por ela oferecida pode provocar uma nova composição nessa estrutura familiar. Completou dizendo que, se por isso tudo não for suficiente, o que mais pode estar acontecendo que eu mesmo não saiba, já não cabe a ele saber, ainda.

 


Publicado por LuizcomZ em 04/01/2024 às 16h34
 
16/11/2023 10h28
Coisas do Coração

Quando cheguei para trabalhar,

Um dia normal, sem nada marcado;

Clientes entrando e saindo,

Gente conhecida e que não me conheciam.

A manhã estava com sol bonito, claro e com pouco vento;

No caminho que sempre fazia, havia algo diferente naquele dia.

Uma luz que brilhava com mais intensidade e que vinha em minha direção, só na minha direção;

Olhei para os lados e não percebia o mesmo brilho, era comigo apenas.

Continuei caminhando e querendo saber de onde vinha aquela luz;

Saindo da claridade do sol, entrando sob o telhado da varanda, o brilho aumentou...

Mas agora não era só o brilho que me alcançava, o pulso também disparou.

Senti uma vontade de procurar o porquê de tanta energia;

Em pé atrás de uma escrivaninha, com um sorriso suave e ligeiramente entreaberto, surgiu a fonte de todo aquele esplendor.

A miudez dos olhos que espremidos pela contração do sorriso, ficaram ainda menores, porém, mais brilhantes.

Senti que ao ver tamanha beleza, houve um travamento, como o acoplar de uma nave com outra no espaço.

Não foi possível desviar o olhar daqueles olhos e sorriso,

Detido e resgatado para dentro daquela nave, me senti envolto e completamente seguro, ainda que sem entender o porquê;

Continuei caminhando com o rosto virado para o sol, que é o que me pareceu aquele brilho,

Nos dias seguintes, a mesma sensação de início;

O que será que aconteceu para que, sem dizer uma única palavra, toda uma vida mudasse em segundos?

E o que geraria uma outra vida, ainda que não pudesse participar dessa nova criação, deixando latente todas as emoções e amor por anos e anos sem perder sequer uma fração daquela primeira visão.

Coisas do coração.


Publicado por LuizcomZ em 16/11/2023 às 10h28
 
 
31/01/2023 21h38
O Presente

O Presente 🎁

 

Houve um tempo em que guardávamos até os papéis do presente quando éramos presentados. As caixas então, eram tão mais importantes que eram guardadas para uso como a caixa de apetrechos, ou, onde eram guardados nossas pequenas relíquias, fotos, figurinhas, tampinhas de refrigerantes exóticos, bilhetinhos outros que nem aqui cabe revelar (!), objetos pessoais, enfim, qualquer coisa que precisasse ser guardada, escondida aos olhos de curiosos. Mas, o que aconteceu então com a nova geração, nascidos de 2000 para cá? Ao receberem um presente a regra é, rasgar numa velocidade que nem ao menos se perceba a cor do papel. Aquele cuidado em curtir a maneira como o pacote fora feito, as dobras e redobras, o laço do fitilho, a etiqueta que já trazia uma mensagem ou palavra de felicitação. E o que dizer da brincadeira do amigo secreto? Agora é amigo da onça, e tem o seguinte, se não gostar do presente, da cor ou formato, trocam no dia seguinte, e nem se prezam em comunicar ou justificar antes. As pessoas deixaram de se importar com o gesto, a intenção, com a própria pessoa que foi escolhida aleatoriamente num sorteio que poderia ser um bom motivo para um recomeço em caso de uma desavença que existisse, o que era muito comum, ou seja, quando o universo conspirava em prol dessa reaproximação.

Novos tempos, novos trejeitos, novos, novos...

Qual o problema com os velhos tempos?

 

 

 

 

foto: GETTY IMAGES 

 


Publicado por LuizcomZ em 31/01/2023 às 21h38



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