Naquela manhã o tempo parecia ainda mais escasso do que nunca.
Para piorar, os cachorros acharam de dar bom dia juntos,
La se foi a única calça passada que havia encontrado.
Apesar de toda a agitação e confusão, Lorum lembrou
Que a situação era ideal para praticar o método 90 / 10.
Havia visto a palestra e aquele método era tudo o que
Precisava para aquele momento.
O método consiste em não se deixar levar pelos 10%
Daquilo que você não pode mudar, e
Concentrar-se nos 90% que dependem da sua ação.
Pronto, o dia estava salvo!

No caminho de volta, Lorum tinha nitidamente em suas lembrança algo que leu em um pequeno livro, onde Neiolúcio narra a luta de uma semente de trigo, que transparecia o momento experimentado.
- O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta.
De que adianta então, tamanho conhecimento, destemida bravura, numerosa poupança de paciência e candura se no momento certo de nosso teste, somos vencidos pelos germes da indiferença, incompreensão, orgulho e excessiva ausência de confiança no nosso companheiro de jornada?
Eis uma questão que lhe veio à mente. Sabemos o quanto difícil é trilhar os caminhos da vida humana. Ao nosso redor por onde quer que olhemos, encontramos indiferenca, mesquinharia, selvageria, injustiça, guerras; algumas chamadas de 'guerra santa', como se isso fosse possivel. Nem sempre conseguimos manter o coração livre de máculas e imperfeições.
Neste momento Seron invadiu-lhe a mente, como que em sintonia com seus pensamentos e concluiu: - Agora é possivel imaginar a longa caminhada de uma minúscula semente até seu desabrochar. Vencer o peso da terra que lhe oprime, os detritos que lhe são oferecidos como alimento.
Mas em momento algum desiste da busca pela luz. Atravessa todos os obstáculos retirando do próprio solo a força. Nunca importando-se com o sol ou a chuva, pois seu objetivo é oferecer o fruto para o bem de todos.
Certamente que aquele seria uma noite tranquila e radiante NaTAZ.

O som que ouviram era a natureza enviando ruídos sobre o temporal que se avizinhava.
Seron – Pode passar perto do horário da reunião para me pegar. Vou sair e ir direto.
A conversa seguia em ritmo lento e cordial, notara-se na face de ambos uma cumplicidade como no começo há 30 anos antes. Chegaram a dois minutos do início. Todos reunidos e à mesa, concentrados cada um em seus lugares de costume e duas cadeiras vazias indicavam que os aguardavam.
Ambiente modesto de pouco iluminação, pessoas de gestos simples e simpatia mútua propiciava ambiente fraterno e acolhedor.
Larim, numa das cabeceiras da mesa deu inicio dando as boas vindas e tecendo breve comentário ao processo vigente para tal reunião.

Enquanto isso, na cozinha, junto à mesa
Seron - Como é que foi?
Lorum - Normal. Aconteceu do jeito que sempre acontece. Estavam todos lá!
Seron - Sim mas, sobre o que era o encontro?
Lorum - Os maiores e os menores - deixou escapar sem querer explicar.
Seron ainda querendo matar a curiosidade e puxando assunto mais pela vontade de conversar do que pela noticia em si, insistiu. - Mas sobre o que vocês falaram?
Ainda sem querer revelar o assunto, Lorum deixou escapar que, os verdadeiramente maiores, são aqueles que reconhecem que são assim porque os menores propiciaram essa escalada. E que os menores podem e serão maiores, simplesmente porque seguem todos o mesmo objetivo.
O barulho veio de cima, ambos se assustaram. A conversa ficou pra depois.

Lorum - Porque você não faz o que te peço há mais de um ano?
Não balbuciou nem um som, apenas um minúsculo movimento com a cabeça lembrando um possivel consentimento.
Horas depois...
Seron - Lorum, e se eu for para te alegrar, você vai ficar bem?
Lorum - De maneira nenhuma! Por mim não precisa ir, eu mesmo vou.
Seron - ... mas você vai ficar bem?
Lorum - Quem tem que ficar bem, não sou eu, é você!