Nem tudo é o que parece
Há 17 anos, quando trabalhava numa creche, ela como todas as voluntárias, viam no menino Felipe, com dois anos na época, pouca chance de vingar. Não acreditavam que uma criança com as suas características pudesse chegar à infância, adolescência e muito menos à idade adulta.
Quando a mãe do Felipe vinha buscá-lo, sempre em companhia do irmão mais velho, ela tinha sempre a esperança, a certeza mesmo de que o filho seria uma criança normal. Chegou a ser confundido com um excepcional, alguém que dependeria de cuidados enquanto vivesse. Não prestava atenção à sua volta, as reações eram retardadas, quando lhe serviam comida, cuspia fora e ficava babando o tempo todo. Imagens que acabavam por causar repugna nos que eventualmente lhe estava à volta.
Era impossível não fazer as comparações entre os irmãos. O mais velho, corado, forte, independente e bonito, era o oposto dele. Os anos passaram e as coisas não seguiram o rumo que se esperava. Hoje com 19 anos, Felipe é forte, bonito e tem uma vida social intensa. Não tem vício de espécie alguma, vive de bem com a vida e é exatamente como a mãe idealizou.
O irmão mais velho, bem, sempre com problemas, bebidas, drogas, sempre envolvido em confusões. Em uma de suas fugas na bebida, encontrou um caminhão pelo caminho, morreu atropelado aos 22 anos.
Na vida, nem tudo é o que parece.