Morgado, Almir Morgado!
Nesta terça feira, 18 de Julho, estive na casa do meu irmão e companheiro de jornada, Almir. Figuraça! Rimos muito. Aliás, o riso é sua marca registrada. Sua gargalhada é simplesmente impagável. É um arrasa quarteirão.
Conheci o Almir no ano de 2005 mais ou menos. Ele era o encarregado pela sopa do Irmão Jacó, às sextas feiras. Filas enormes se formavam após os trabalhos de evangelização, doutrina e aconselhamentos no centro.
Ficamos alguns anos sem nos encontrar, mas sua missão em servir ao próximo o levou ao Carminha, anexo ao LEAL, uma casa de idosos onde entre outras atividades, ele vinha cuidando juntamente com outros trabalhadores, o famoso Yakissoba do LEAL. Mais uma vez no comando da cozinha. Sua sina.
Carioca do Meier, criado em Mesquita, vascaíno de coração. Casado com dona Graça, a quem ele apresenta vez por outra de "Gracinha". Tem uma paixão pela leitura, se dedica ao estudo da doutrina que escolheu como fonte inspiradora de renovação íntima e sempre disposto a ir onde o dedo de Deus aponta.
Mas, como ele mesmo faz questão de dizer, não é nenhum santo, longe disso, acha até que tem o estopim curto, Modesto.
Certa vez, estava eu numa espécie de pedágio, reivindicando melhorias para a rua lateral da BR saída para Cuiabá, próximo à rua 2¹/² isso mesmo, (dois e meio), ele e a Graça estavam vindo na fila de carros que eram liberados um a um depois de ouvir aquele blá, blá, blá de histórias que acabaram dando em nada, tanto governo quanto prefeitura não fizeram nada e deram menos bola ainda. Quando ele passou por mi, dava pra ver a cara de poucos amigos que ele estava. Com olhar fixo e vidrado no carro logo à frente tentando ultrapassar, acenei com a mão e o saudei pelo nome, a Graça percebeu e me reconheceu, ele muito puto, fez um gesto com o braço na minha direção, sem tirar os olhos da pista e xingou alguma coisa que de cristão não tinha nada. Achei muito engraçado, me desmanchei de rir e certo de que a Graça havia me reconhecido, saiu xingando esbaforido.
É dessas criaturas que você fica escutando horas e horas e não vê o tempo passar. Desenvolve um trabalho voluntário na ala de psiquiatria do Hospital de Base, há mais de 10 anos aos domingos, escuta, escuta, escuta, e escuta. Quando tem oportunidade, e sempre surge, fala, fala, fala... e fala. A doação é um mister de sua personalidade.
Pai de três filhos, duas formadas, a Larice é médica e a Isabele, advogada, ambas moram fora do estado. O Menino, Kayo, ainda mora com eles, faz Educação Física.