Meu Diário
08/08/2017 02h39
Mia Couto e Sidarta Ribeiro

No Conversa com Bial

 

>Bial questiona Mia Couto(¹) sobre se o ambientalismo vai chegar a se entender com o mercado. Sidarta Ribeiro(²) participa com sua opinião.

>MC Eu acho que é preciso sugerir aqui que as questões ambientais, os problemas ambientais neste ponto, não pedem soluções ambientais, é um grande risco pensar isto, pedem uma outra solução mais de fundo, pedem outro mundo, uma maneira de organizar a sociedade, a economia, senão, é como se nós ficassemos ali, acondicionados numa espécie de gueto, reclamando uma coisa que são as sobras, não são as pessoas comuns que dão origem aos grandes planos ambientais.

>B Mas ai você está falando de algo bastante profundo, de transformações bastante profundas...

>MC Estou falando gostaria que fosse assim, pois de outra maneira, ... agora nós estamos chegando a uma fase que não basta corrigir o excesso, é preciso pensar toda uma maneira como nós relacionamos com o mundo, com o recurso, já a palavra recurso é uma palavra horrivel, foi imprestada da economia, hoje você já chama os recursos florestais, uma floresta; ...

>B Tem recursos humanos...

>MC Exatamente, as pessoas são chamadas de recursos humanos, e aceitamos.

>B E como se dá esse repensar, Sidarta você trabalha com isso, tem as novas formas de pensamentos, tem alguma pista?

>SR Posso falar?

>B Claro, por favor!

>SR Estamos num momento crucial da história humana, nos próximos cinquenta anos, ou o mundo se concerta ou ele se acaba.
>SR Nossa capacidade de transfortmação é gigantesca, para o bem e para o mal; o problema é que a classe dominante não ilustrada, as elites não ilustradas do mundo, no seu afã de acumular, que é um afã de milhões de anos, eles estão destruindo o planeta de várias maneiras, não é destruir a mata, é destruir o povo que mora na mata, demarcação já; é destruir quem mora nas favelas, demarcação já.O índio é legal?, não, é muito mais do que isso, o índio cuida bem daquilo. É plurifauna e poliflora. Isso passa por umna crise que eu vejo de duas maneiras, pode caminhar pela morte ou pela dor.

>B Você fez o diagnóstico, mas e...

>SR Então, pela morte é quem se sente oprimido, lutar para desoprimir. Revolução francesa, cabeças rolaram. E pelo amor, são os ricos, os poderosos, se ilustrarem, descobrirem que mais vale amar do que ter. E para isso acontecer, a gente pode discutir aqui, qual é a maneira de uma pessoa passar por uma profunda transformação. Ela pode envolver a espiritualidade, pode envolver a poesia, a música, pode envolver os psicodélicos, que são os indutores de placidade neurail, tem gente com essa proposta, levar os milhonários egoístas para um,no meio da amazônia para tomar houasca e assim eles entendrem melhor... Sério, isso é um projeto, tem gente fazendo isso.

>B Tem gente fazendo isso e Sidarta é um deles, ele estuda isso, é bastante recente mas, que está de fato acontecendo. Você toparia uma experiência assim Mia?

>MC A possibilidade é boa... (com risos da platéia). 

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(¹) Mia Couto, Moçambicano, nascido em Beira, é Biólogo e Escritor.

(²) Sidarta Ribeiro, Brasileiro, é Neurocientista e Escritor.

Veja a entrevista no link abaixo.

Mia Couto e Sidarta Ribeiro-Falam sobre Ambientalismo


Publicado por LuizcomZ em 08/08/2017 às 02h39