Não tem Marreco.
Vez por outra vou até a casa do Vilbert para tomar um café, e numa dessas ele me ofereceu um melado de cana, muito bom, diferente de alguns que havia experimentado, e combinamos de que se um dia fossemos à Joinville ele me levaria no engenho do Sr. que produz o melado. Num dia desses em que precisava ir à Joinville, convidei meu amigo Vilbert Schapitz, descendência alemã, para me acompanhar. Depois de concluir tudo o que tínhamos para fazer, Vilbert resolveu me mostrar o tal Sr. que faz melado de cana. Fica em Pirabeiraba, numa área bem distante, zona rural mesmo, passando o Country Club Joinville, lá para aquelas bandas. Eu estava ao volante e ele no banco de passageiro. Como ele é quem sabia o local, sempre que havia um entroncamento, rotatória ou cruzamento eu perguntava qual a direção a seguir, direita, esquerda ou em frente. Porém, no dia anterior, ele havia ido a um restaurante que acabara de ser inaugurado próximo ali da 1600 na avenida Brasil, ele começou a contar a história do almoço e enumerar os pratos, dizia, - Tinha um galeto, uma picanha, uma costela que era cortada na serra, e a lista parecia interminável. De repente, uma bifurcação à direita mas, como a via principal seguia em frente, reto, eu perguntei a ele: - Direto? Ele de cabeça baixa olhando para as mãos e enumerando nos dedos os variados tipos de pratos do restaurante, respondeu: - Não, maréco não tinha Sr. Luiz. Vendo que a bifurcação estava chegando, insistir: - Direto? Por Deus, pela segunda vez ele respondeu: - Não, maréco não tinha Sr. Luiz, isso não. Tive que aumentar o tom de voz: - Estou falando da direção homem, vamos direto ou viro à esquerda? - Ah! Meu Deus, mas o senhor sempre pergunta se é para direita ou esquerda, agora o senhor falou direto, eu com fome e falando de comida, pensei que perguntou se tinha maréco.
(Por ser filho de alemães, ele não pronuncia os dois ‘R’ do marreco).