Rose, diarista solidária.
Nas demais regiões do país, citarei três das quatro em que tive o privilégio de morar, o convívio se mostrou completamente diferente, sobretudo na questão do relacionamento, do acesso às pessoas, do contato propriamente, aquela coisa do "se dar". Dar ao outro a oportunidade de "se chegar", de ser recebido pelos autóctones. Destacaria apenas duas situações para o que se pretende explicar. A primeira é sobre a recepção, a acolhida. Nesse quesito a região Norte é imbatível. No que concerne à trabalho, porque em todas as regiões se trabalha e muito, mas o trabalho como forma de prazer, sentido bíblico, Gn 3:19, sem o constrangimento da exposição, esse, a região Sul é campeã. Não se trabalha só para ganhar o pão, menos ainda acumular riquezas, falo de pessoas comuns, entenda por comum aquele que dista da minoria que visa o lucro e a ostentação, prática em todos os lugares onde a mão do homem labora. Falo dos comuns que buscam no trabalho a sua independência, sua realização como cidadão economicamente ativo e útil. Rose é uma dessas muitas diaristas e pessoas que conheci e ainda hei de conhecer. Tem por seu trabalho a satisfação e esmero no que faz. Cuida do bem alheio como sendo o seu. Vai além do que lhe caberia realizar. Além do trabalho como diarista, ainda tem atividades que dá alívio aos que padecem de problemas aparentemente simplórios, como unha encravada, é podóloga, é ouvinte, é humana. Soube recentemente que vem se tratando de um câncer e que por conta disso tem feito quimioterapias, vai a Joinville algumas vezes por semana, mesmo voltando enjoada e depauperada, mantém sua rotina sem o lamentar dos ingratos. Essa condição ficou evidente quando me deparei com ela e ficamos frente à frente notando sua perda acentuada de peso e olhar cansado, porém, o sorriso e a determinação continuam os mesmos. Não bastando isso tudo, ainda se mostra desapegada e solidária para com suas posses. Sem que me lembrasse, há dias comentei o fato de que precisava limpar o limo e o bolor do piso do quiosque para a inauguração, passados uns dias, ela vem a minha casa trazer a máquina de pressão a água, Vap, como é conhecido, equipamento de uso profissional e pessoal. Solidariedade é isso.