Quando cheguei para trabalhar,
Um dia normal, sem nada marcado;
Clientes entrando e saindo,
Gente conhecida e que não me conheciam.
A manhã estava com sol bonito, claro e com pouco vento;
No caminho que sempre fazia, havia algo diferente naquele dia.
Uma luz que brilhava com mais intensidade e que vinha em minha direção, só na minha direção;
Olhei para os lados e não percebia o mesmo brilho, era comigo apenas.
Continuei caminhando e querendo saber de onde vinha aquela luz;
Saindo da claridade do sol, entrando sob o telhado da varanda, o brilho aumentou...
Mas agora não era só o brilho que me alcançava, o pulso também disparou.
Senti uma vontade de procurar o porquê de tanta energia;
Em pé atrás de uma escrivaninha, com um sorriso suave e ligeiramente entreaberto, surgiu a fonte de todo aquele esplendor.
A miudez dos olhos que espremidos pela contração do sorriso, ficaram ainda menores, porém, mais brilhantes.
Senti que ao ver tamanha beleza, houve um travamento, como o acoplar de uma nave com outra no espaço.
Não foi possível desviar o olhar daqueles olhos e sorriso,
Detido e resgatado para dentro daquela nave, me senti envolto e completamente seguro, ainda que sem entender o porquê;
Continuei caminhando com o rosto virado para o sol, que é o que me pareceu aquele brilho,
Nos dias seguintes, a mesma sensação de início;
O que será que aconteceu para que, sem dizer uma única palavra, toda uma vida mudasse em segundos?
E o que geraria uma outra vida, ainda que não pudesse participar dessa nova criação, deixando latente todas as emoções e amor por anos e anos sem perder sequer uma fração daquela primeira visão.
Coisas do coração.