Meu Diário
04/01/2024 16h34
A Tontura

Acordei às cinco e meia, senti um cansaço diferente do costume, a preguiça matinal do despertar, continuei na cama por um tempo mais, percebi que a parede desfocava, como se estivesse se movimentando, ao tentar sentar na cama percebi que a cabeça girava. Encostado na parede, sem me levantar, o que dava para ver é que a porta do quarto não parava, as imagens dos objetos dançavam, a tentativa em me levantar foi inútil, tombei para o lado e apoie na parede, ao movimentar meu primeiro passo, saiu para o lado e não para frente, esperei um pouco e insisti em caminhar, o que não vi possibilidade de seguir sem apoio. Consegui chegar ao banheiro e ao box, tomei banho e sempre que fazia movimentos de abaixar ou me virar, tudo girava, aprecei em sair do box, após me vestir com certa lentidão, fui para cozinha preparar meu café, tudo ainda girava, mais devagar, mas girava. Isso permaneceu até pouco depois de me medicar com um ampola de Nandrolona por recomendação médica, autoaplicação. Passado algum tempo, sai para tomar sol, caminhei por trinta minutos entre descanso e uma parada para um habitual café, ainda tive disposição para ir a uma gráfica imprimir um livro que havia baixado em pdf, voltei ao apartamento e fui preparar meu almoço, a tontura havia passado, mas abaixar não era uma opção.

Almocei e em seguida comecei a assistir uma série na Netflix, Bodies, por volta das quatorze e quize, acordei às quinze e quarenta. Ainda deitado no sofa, senti que o teto da sala estava girando, sentei e a vista firmou, tipo quando fiz o cruzeiro, em alto mar, algumas vezes, não mais que três, deu essa sensação, mas lá não ficava tonto quando caminhava, apenas na cabine, deitado. Hoje, quando sai para a caminhada, deu náuseas, leve, mas incomodou um pouco e percebi um pouco de halitose, a vista direita trêmula e um tanto dolorida, um incômodo como dor no nervo óptico, e o que mais me incomoda é o zumbido no ouvido, aumentou muito de volume e era perceptível somente quando eu me lembrava dele e agora ele me lembra o tempo todo, como um caminhão de cigarras a cantar sem parar. Perguntei ao Pelludo se isso ainda vai demorar, afinal, sempre passa após medicação, reforço hormonal e descanso, ele não soube precisar, mas alegou que pode estar relacionado ao tempo, o novo ciclo, ano novo. A mudança de ano não é só dormir 31 e acorda 1, a lua muda todo o tempo não só nas quatro fase que nos acostumamos a ver, e com ela a maré, aves sentem essa mudança, um albatroz pode não ser mais o mesmo de 31 para 1, então, perguntei para ele se isso tem a ver com o fato da minha busca por respostas em relação à Nathália, mapa astral, constelação familiar, epigenética, me disse que numa busca desse porte, e consequente aumento das expectativas, da ansiedade, se é levado a uma descarga de energias por respostas que o cérebro descompesa, e apesar da capacidade regenerativa de sua natureza, exigido a tal ponto, se reorganiza e acaba por fornecer elementos novos à compreensão a partir do subconsciente, e que, para a realidade, sendo novo, causa danos, tipo, desorientação perceptiva, degustativa e motora. Indaguei de onde ele extraiu tais informações, respondeu que esteve sempre no meu subconsciente e que só percebeu agora por haver essa necessidade em encontrar e buscar a reaproximação da filha. Ainda tem o fato da participação da mãe nesse processo, a ajuda incondicional por ela oferecida pode provocar uma nova composição nessa estrutura familiar. Completou dizendo que, se por isso tudo não for suficiente, o que mais pode estar acontecendo que eu mesmo não saiba, já não cabe a ele saber, ainda.

 


Publicado por LuizcomZ em 04/01/2024 às 16h34