Dia do amigo
A menos que esteja enganado, dia do amigo já foi comemorado este ano.
Essas coisas de angariar likes no mundo das redes, que para falar a verdade, rede boa é a do meu tempo, esticada, era só deitar e ver as teias de aranha no teto da varanda.
Vez por outra aparecia uma fake news, o carteiro chegava com um carnê da Buri ou do Ponto Certo, que a gente jurava que eles estavam errados.
Mas falando em amigos, tinha aquele que era tido como reclamão, sempre na defensiva e achando um culpado para os problemas que ele mesmo se metia.
O papudo, tudo dele era maior, melhor e mais bonito, e não adiantava argumentar, ele tinha a palavra final, e se pedíamos a prova ela saia com essa: - Tá duvidando? Por isso que não gosto de falar com você, não acredita nem no melhor amigo! Ou seja, ele já tinha se colocado na posição de número 1 das nossas relações.
E o amigo pegador? Nossa! Esse não perdoava nada que não fosse calça comprida, padre passava por ele segurando a batina, claro que era o mais fake news da turma. Pegava nem gripe o lazarento.
O almofadinha era o que menos se envolvia nas tretas com os amigos, sempre cuidadoso, nunca queria confusão, mas era o mais curioso, chegava atrasado e queria sentar na janela.
O fofoqueiro, bom esse é problema, sempre sabia de tudo e quando não sabia e ficava sabendo depois, dizia: - EU sabia!!! Lembra alguém?
Com as meninas a coisa era igual, com agravantes de que ficavam de mal uma com a outra por semanas e meses até. Amigos, todos iguais.
Mas o bom mesmo era que no nosso tempo, amigos não tinham rede social, telefone era orelhão, e a gente tinha que se ver, sentar num banco de madeira improvisado de uma árvore que caiu e a conversa era olho no olho, nada de vídeo conferência, audiovisual ou coisa do tipo.
E sempre tinha no grupo o amigo mesmo, aquele que era o SEU melhor amigo. Ninguém precisava revelar, mas cada um tinha o seu. Era com esse amigo que cada um se importava e estava sempre a postos, principalmente quando ele não tinha razão e estava sendo julgado por todos, quando o amigo o procurava, você emprestava, sem pressa, o ouvido, a paciência, o ombro, se precisasse, até um dinheirinho do pouco que tinha.
Hoje se diz feliz dia do amigo olhando para uma telinha de celular, através de um même, o que não deixa de ser uma maneira de lembrar dos momentos que passamos juntos, mas os amigos do ontem,
se encontraram ontem numa mesa comprida de um bar que também é de um amigo e celebraram sem saber que no dia seguinte seria o dia dos amigos. Isso é amizade. Nessa amizade não tem fake news.