Deus não perdoa!

Amar é jamais ter que pedir perdão.
Tinha 12 anos quando ví pela primeira vez.
Nunca entendi muito bem o significado desta frase.
em primeira infância, acreditava ser uma frase voltada
aos namorados apaixonados.
Mais uma entre tantas do gênero.
Após 28 anos, hoje com 35, revejo minhas interpretações.
Na descoberta de uma nova versão, agora impregnada ao
longo desses anos todos, com fortes emoções, senti
o impulso imediato de dividir com os demais.
Pensei. Valerá à pena? Afinal, cada qual enxerga
com os ‘seus’ olhos. Olhos diferentes.
Entende com raciocínio próprio.
Provavelmente não valerá à pena!
Sei apenas que foi bom ter descoberto em mim
novos olhares para velhos temas.
Curiosamente a solução estava ali, ao meu lado.
Numa reunião exotérica entre confrades,
minha esposa comentou a tônica da reunião
com uma frase de um livro que havia lido.
A frase estava diretamente associada à frase
que tanto me inquietou ao longo desses anos.
Dizia ela: - “... li que o perdão é como um prego
cravado em uma bananeira, cada ofensa é um prego
que você crava no semelhante... Quando pede desculpas
pela ofensa, você apenas retira o prego.
... acontece que a marca vai continuar na bananeira.
O buraco fica. E o pior, fica a marca da seiva que escorre
tal qual o sangue no corpo de seu igual.”
Finalizou a explanação.
E isso ficou ‘cravado’ em minha mente durante toda
A reunião e durante dias, meditei.
O certo é não sair por ai cravando pregos nas pessoas.
E quem mais é cravejado? Os próximos a nós.
Pai, mãe, filhos, marido, esposa, namorado(a), e
chega ao ambiente de trabalho com a mesma facilidade.
Ouvi em algum lugar, que Deus não perdoa.
Também estranhei. Procurei explicação.
Simplesmente porque Deus não ofende.
Quem ama, não ofende.
Quem não ofende não precisa pedir perdão.
Temos uma vida extremamente comprometida
nosso tempo neste plano é igualmente curto.
Por isso hoje, entendo porque Love Story, o filme,
fêz tanto sucesso e empurrou-me na busca
de uma explicação coerente.
Ainda assim tenho cravado alguns pregos
em pessoas que mereciam apenas abraços, beijos e
toda minha consideração.

*escrito em Outubro de 1993.