Rua deserta
Único poste em toda a rua
um facho de luz amarelada
cercado por um bando de mariposas
coloridas e aveludadas.
Sob a luz dentro do carro, um casal.
Próximo, um matagal.
Terreno baldio
um córrego bolorento
esgoto para uma cidade cinza
serve de divisa da mão dupla.
O pivete passa, olha, espreita.
Próximo ao ginásio,
guarda noturno dá o sinal,
um silvo.
Estudantes saindo, passando pelo vão
Todos os sonhos do pivete, em vão.
Lá dentro, com os vidros embaçados
samba canção de fim de noite.
Do lado de fora,
Escuridão e açoite.
Enquanto no lume, mariposas
bailam a dança do cio,
No carro, nem um pio.
O tempo passa e junto com ele os minutos,
as horas e os problemas.
De fato, parece que o tempo parou.
Descalço, sem comida,
sem RG e sem camisa,
sem samba, sem passado,
sem presente, sem futuro,
com muita ilusão,
o moleque chora com o
rosto colado às mãos.
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 28/05/2008