Textos

Do Céu ao Inferno!
Lembro-me bem,
Tenho cinco anos
Estou no portão de casa
Brinco com alguns amigos
Meninas e meninos todos alheios.
O Jogo, amarelinha!
Pulando de casa em casa
Vamos todos em busca do céu.
Minha vez!
De costas para o tabuleiro
Riscado no chão, terra batida
Antes de jogar minha pedra,
Na tentativa de levar vantagem e
Ter a certeza de que o
Lançamento não vá rolar
Em demasia, troco a pedra
Por um pedaço de osso.
Uma omoplata bovina,
O pedaço de osso mais
Se parece com uma pequena
Raquete de frescobol.
O osso, limpo pelo tempo
E pelos cachorros famintos
Minha investida transforma-se
No primeiro desastre de
Minha infância.
O tal osso caiu exatamente
Na testa de uma das amigas.
A garota, toda ensangüentada
Tinha que ser a primogênita
Do Comandante de Polícia da
Pequena cidade onde nasci.
Vi estrêlas.
Uma após outra, enfileiradas
E com adorno em volta
O que as tornavam ainda mais
Vistosas e reluzentes.
Três em carreira sobre os ombros.
Por falar em carreiras
Foi o que fiz
Sem olhar para trás.
Durante as próximas seis semanas
Pela fresta da janela da casa
De minha avó, via o tenente-coronel,
Era o significado das
Estrelinhas todas juntas
Com adornos ao redor de duas.
A brincadeira acabou no osso.
Voltei ao inferno!
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 31/07/2008


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