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Borracharia 24h. Menos aos domingos e feriados!

Nesta manhã após abrir a porta da sala, me deparei com o pneu do pálio weekend vazio, completamente. Uma garoa fina insistia em cair para complicar ainda mais o quadro. Sabia que o estepe era outro problema. Havia emprestado o estepe para um conhecido há algum tempo e ele jamais devolveu. O jeito era encarar o asfalto e sair logo em busca de solução. Antes, porém, tentei um serviço de borracharia 24 horas que atende em domicílio. Para minha surpresa, eles não trabalham no domingo. Após caminhar uns 450 metros carregando uma roda de liga leve e um pneu aro 13, chego a conclusão que roda de ‘liga leve’ é só o nome de um produto e que a roda de ferro é bem mais leve. A primeira borracharia estava fechada. O vigilante indicou uma com a ponta do queixo na direção da BR, logo ali, acrescentou. Depois de fazer revezamento de braços, com minha roda, encontrei, há uns 800 metros após a primeira tentativa, um borracheiro disposto a trabalhar no domingo. Enquanto caminhava com minha carga sob fina garoa, fiquei pensando no porque coisas desse tido acontecem. Basicamente por dois motivos: Gerencial e Espiritual. No que diz respeito ao gerenciamento, é isso mesmo, só passamos sufoco na vida por falta de gerência e organização. Somos apegados ao agora e nos esquecemos do amanhã. Agora estamos com os pneus cheios, agora estamos com dinheiro para remendá-los, agora podemos ligar para um taxi e pagar uma corrida, agora estamos com tempo para ligar e esperar que um conhecido ou amigo venha nos socorrer. Sempre é o agora. Mas, o futuro sempre nos reserva surpresas. Para evitá-las, verifique como está o seu estepe de tempo em tempo, principalmente na véspera de um compromisso que dependa do veículo. Tenha sempre uma pequena quantia em dinheiro na carteira, para momentos como esses, pode ser que não aceitem cartões. Não é muito, mas será o suficiente para recolocá-lo em jogo. Nunca deixe o celular sem crédito. Tenha sempre em mente que a cautela é sempre uma aliada nesses casos. Com relação ao segundo motivo, bem, temos que pensar no que se aprende com episódios como esses. Caminhando com meu pneu fiquei o tempo todo pensando que talvez fosse passar um conhecido ou amigo e me ver. Sempre que vejo pessoas nas ruas com problemas como esse meu, nunca fico satisfeito se não parar para ver se posso ajudar. Várias vezes voltei de onde estava indo e perguntei se poderia ajudar de alguma forma, buscar gasolina, levar até o posto mais próximo, coisas desse tipo. Mas, o mais curioso e intrigante disso tudo é que você não pode simplesmente esperar que as pessoas lhe retribuam esses favores. É bíblico. Não se pode deixar a mão esquerda ver o que faz a direita. Então somos levados a pensar outra coisa interessante sobre o mesmo assunto. Talvez não sejamos tão amigos, nossos conhecidos não são tão conhecidos assim. Ou algo ainda mais cruel, nós não somos merecedores de gentilezas e atenções tanto quanto pensávamos. O que conta na verdade é que devemos apenas fazer o bem. Sem olhar a quem, diga-se de passagem.

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 22/12/2008
Alterado em 05/05/2022


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