Amar é jamais ter que pedir perdão.
Nunca entendi muito bem essa frase,
a não ser pelo que ela diz, ou seja,
em primeira infância,
acreditava ser uma frase voltada
aos namorados apaixonados.
Mais uma entre tantas frases feitas e, claro,
mais uma frase solta, pensava.
Hoje, vinte e oito anos depois, estou com
trinta e cinco, observo o que a frase encerra.
A pergunta que me faço: - Será que devo avisar aos outros?
Não sei se valerá a pena. Mesmo porque, cada um
enxerga com olhos diferentes. Entende com raciocínio próprio.
Realmente não valerá a pena. Hoje sei que foi bom ter
descoberto por mim mesmo. E com certeza já havia tido
inúmeras oportunidades não aproveitadas.
Hoje, minha esposa, Rose, durante reunião na Casa do Carlos,
disse algo extremamente fundamental, para a compreensão
da frase que ouvi na infância. Disse ela: - “Em um livro, Poemas,
Luiz Sérgio, cita, explicando a uma criança, que a ofensa
é como a um prego cravado em uma árvore. E que a seiva que escorre com o tempo, é como o sangue derramando do corpo ferido. Por conseguinte,
cada ofensa é um prego cravado no seu semelhante.
Quando você pede desculpas, é como se você retirasse
o prego há dias cravado. Só que ao retirá-lo, a marca do furo, fica”.
Então, fiquei pensando, como reparar o estrago?
É preciso trabalhar muito para que essa marca desapareça.
De verdade, o certo é não sair por ai pregando pregos
nas pessoas. Não ofender para que depois tenhamos que
remoer em noites de sonos perdidas, como se aproximar
para tentar retirar o prego da ignorância, da falta de indulgência.
Quem ama não ofende. Sem ofensa, não há que pedir perdão.
Então a frase ficou muito clara para mim.
Amar é jamais ter que pedir perdão!
Escrito em Campo Grande-MS, em Setembro de 1993.