CIÚMES
Parte – 11
O ódio é um veneno que você toma esperando que o outro morra.
Naturalmente somos falíveis. Isso do ponto de vista
material. Somos traídos em diversas situações
imperceptíveis de inveja, ganância, ambição, ódio.
Naquela última reunião, alguns eventos previamente
marcados fizeram com que o encerramento das
reuniões em casa de Vania acontecesse antes das
reuniões de preparação nas quartas-feiras.
Nesta noite o clima, inclusive entre os membros da
reunião era tenso, obviamente que não entre eles,
pessoalmente estava como sempre fora, amistoso e
cordial. Acontece que ao contrário do que se imagina,
toda e qualquer equipe de qualquer movimento
religioso ou social, são compostos essencialmente
por pessoas e pessoas tem vida própria, são ímpares,
algumas, secretas. Aquela reunião reservava surpresas
há muito aguardado. A base do grupo se reunia há pelo
menos 11 anos, portanto, poucas vezes se
surpreendiam com algum visitante ou situação.
Como de costume, Nataz se concentrou no ambiente
e nas pessoas que havia presenciado em casa de
Vania e súbito veio-lhe a mente a lembrança do sono
relatado por Lucélia.
Há sempre uma preocupação em querer explicá-lo, fico
com a mais pertinente, é o fato da memória recente ou
da impressão causada pelo que esta por vir.
No caso de Lucélia, além de vir de uma cidade
acostumada a interpretar os sonhos como sendo
sempre uma ‘premonição’, haja vista sua ligação com
a doutrina deste muito cedo, ela é de Uberaba-MG,
o que aconteceu foi um desdobramento na direção
do que viríamos a presenciar na reunião de quarta-feira.
A primeira manifestação da noite veio em tom de
ameaça e recriminação. Esse espírito há muito tempo
procurava pelo seu algoz. Como sempre a busca é por
vingança. Certo de que ainda poderia usufruir dos bens
que lhe fora subtraído em vidas passadas, sua
preocupação maior estava com o fato de haver
perdido o companheiro daquela vida para o alvo e
desafeto da vida presente. Quando Vania solicitou a
presença de Nataz à casa de Evra com intuito de
explicar-lhe o que se passava e como reagir em tal
situação, houve todo um remodelar nas ações
estratégicas do plano desprovido de luz e distanciado
do bem, em direção a neutralizar a ação da ‘benfeitora’,
nesse caso, Vania.
– Quem mandou ela se interpor nos meus negócios?
Quem pensa que é para chamar ajuda e estragar meus
planos? Pois ela vai ver com quem esta lidando, hoje
mesmo farei uma visitinha a uns amigos que a
conhecem e estão a sua procura deste os tempos dos
bailes na quadra do colégio.
– Meu caro amigo, seja bem vindo e tenha a certeza
de que ouviremos suas explicações à luz dos
ensinamentos do Mestre Jesus. Começou assim a
doutrinação deste nosso visitante revoltado e áspero.
Acontece que em outros tempos, Vania tinha preciosas
habilidades em confeccionar vestidos e trajes de galas.
Não ficou rica, embora não tinha do que se queixar e
nunca lhe faltou à mesa. Casa modesta, porém muito
bem decorada e sempre com visitas. Clientes e amigos
entravam e saiam com frequência.
Aos finais de semana sempre era convidada por uma
de suas clientes a frequentar o salão de bailes de uma
faculdade de renome nos arredores e que causavam
inveja em muitos que lá nunca haviam estado mesmo
em épocas de competições esportivas ou desfiles de
debutantes da alta sociedade. Vania nunca descuidou
suas encomendas e tinha um nome reconhecido pelos
que a contratavam. Seus filhos e marido sempre
andavam com modelos bem cortados e tecidos da
moda. Trabalhava para isso, sustento da família e
satisfação de vê-los bem vestidos.
Acontece, porém, como todos nós, Vania tinha seu
ponto fraco.
A vaidade.
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 05/09/2010
Alterado em 18/08/2014