Textos


Em 31 de Outubro de 2009, o dia das bruxas,
véspera do dia de todos os santos, cumpria uma função
natural sempre em busca de novidades e curiosidades,
andava pelas ruas e condomínios de minha cidade,
acabei encontrando uma PRECIOSIDADE.
Hoje, mais de um ano voltei ao local para saber como estavam,
Xitão e seu amigo Wilson. O relato que ouvi, entremeado por
arrepios e emoções, era de que Wilson se viu obrigado a dar um
descanso e colocar um ponto final na amizade de muitos anos.
Sacrificou Xitão após longa e extenuante agonia.
Abaixo o texto original sobre essa amizade, 
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Há um  ano e meio mais ou menos, passeava com meu
amigo pelas ruas do condomínio em que moro e percebi
uma dor diferente. Não havia pisado em nenhum espinho,
vidro ou muito menos torcido o pé.
A dor insistia e minhas passadas começaram a encurtar
e cada vez com mais dificuldade. Meu amigo me levou
de volta para casa e começou a apalpar meu pé na
altura do tendão traseiro. A cada investida sentia uma
dor incômoda e progressiva. Naquele dia notei que
meu amigo havia ficado encabulado e com um olhar
que já conhecia. Era preocupação. Na manhã seguinte
a dor continuava e mal podia apoiar-me sobre as pernas.
Foi quando meu amigo levou-me a um médico.
Não encontraram nada que pudesse explicar aquela
situação. Algumas semanas depois, nem de longe eu
lembrava aquele vigor e agilidade, destreza e exuberância.
Minhas duas pernas já não atendiam direito minha
determinação em ir e vir. O pior ainda estava por vir.
Comecei a não controlar minha própria urina e para
complicar urinava a cada quinze ou trinta minutos.
Era como se eu estivesse derretendo e não podia fazer
nada para controlar esse processo. Meu amigo, que
sempre saia comigo para passear ficou muito triste e
completamente sem foco e direção.
Deixou até de tomar os próprios remédios o que o levou
às pressas ao pronto atendimento do Hospital João
Paulo II, que fica ao lado do nosso condomínio.
Sua esposa até briga com ele por minha causa.
Não pelo que me aconteceu ou por mim mesmo,
mas, por ele. Para evitar que ele se esqueça dele próprio.
Um tempo depois, eu já não conseguia nem mesmo me
locomover a pequenas distâncias. Havia também muitas
escaras espalhadas por minhas pernas, bacia e minhas
unhas cresceram assustadoramente, já que eu não podia
usá-las cavando, coçando, e principalmente correndo.
Quem as corta até hoje é ele. Algum tempo depois meu
amigo me deu o maior presente que eu jamais pensei
um dia precisar. Uma cadeira de rodas. Bem, não é bem
uma cadeira, na verdade é um carrinho adaptado com
colchonete e espaço suficiente para que eu possa deitar,
espreguiçar e o que é mais legal, posso voltar a andar
com meu amigo novamente. Saímos todos os dias pelo
condomínio sempre em horas alternadas, seja pela
minha ou pela disponibilidade do meu amigo.
O importante é que voltei a andar novamente e ver os
outros amigos pelas esquinas, pelas frestas dos portões,
correndo atrás de carros, gatos ou simplesmente curtindo
á sombra de algum arbusto. A propósito, hoje dia 1º de
Novembro meu amigo completa 69 anos de vida.
Parabéns, Wilson! Amigos se conhecem na adversidade.
Não sei o que seria de mim sem você, meu amigo!




(Relato baseado naquilo que seria um depoimento
pelo reconhecimento de um Pastor Alemão ao
tratamento recebido por conta de seu dono e amigo)

Conheça Xitão e seu amigo Wilson:

http://www.youtube.com/watch?v=wr7ZjoKG-XQ
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 05/02/2011
Alterado em 21/02/2014


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