Ainda estou aqui
Às vezes penso mesmo que não tem mais saída,
a redoma que cerca os depressivos é como gesso.
Só que ao invés de estar engessado da forma
tradicional, o gesso é interno.
Abaixo da pele se forma uma rígida
camada de gesso cobrindo exatamente
todas as juntas do corpo, impedindo-o de
locomover-se por conta própria.
E o irônico, por ser dessa forma,
ninguém acredita que você está
paralisado uma vez que por fora tudo
esta normal, só os mais atentos,
quem de fato conhece sabe que
o brilho dos olhos não é o mesmo de outrora.
Mas, poucos se preocupam com um olhar
pedindo socorro. Estão mais preocupados
em cobrar. Cobram uma postura de coragem,
de reação a qualquer custo, de ânimo,
mas, como isso é possível?
A sensação é de autoabandono, é
como se eu não estivesse mais ali, só o corpo.
Ouço tudo, vejo a todos só não tenho
a chave que abre esse calabouço.
Numa insana tentativa de vencer
essa grossa camada de gesso, me debato,
me lanço contra a parede de minha consciência,
me destruo todo, as marcas se revelam em
manchas pelo corpo, olhos fundos e sem vida,
ausência completa de emoção e sentimento.
Então, para dar motivo a essa situação
insustentável lanço-me às desculpas
mais simples e esfarrapadas para justificar
minha covardia de não reação.
Uma hora é a chuva, outra o sol,
de repente é o dia, outras vezes é a noite.
Sem contar que qualquer problema
corriqueiro é sempre um bom motivo
para usar como muleta.
Briga dos filhos por causa de meias,
calças, tênis, ou desavenças entre
noras e filhos, a doença dos pais, enfim,
tudo o que sempre aconteceu, mas,
agora vira um bicho de sete cabeças.
E o tempo passa, voa, a cada dia o Faustão
chega mais e mais rápido em casa.
As eleições se repetem com uma frequência
impensável, ditadores são destituídos,
os filhos dos amigos crescem e nem
percebo, seus pais se separam e nem
fico sabendo. Mais uma turma se forma
e o meu tcc continua na mesma.
Sabe o que eu acho?
Vou voltar pro meu quarto. Só quero dormir.
Mas, só pra constar...
Ainda estou aqui!
Às vezes penso mesmo que não tem mais saída,
a redoma que cerca os depressivos é como gesso.
Só que ao invés de estar engessado da forma
tradicional, o gesso é interno.
Abaixo da pele se forma uma rígida
camada de gesso cobrindo exatamente
todas as juntas do corpo, impedindo-o de
locomover-se por conta própria.
E o irônico, por ser dessa forma,
ninguém acredita que você está
paralisado uma vez que por fora tudo
esta normal, só os mais atentos,
quem de fato conhece sabe que
o brilho dos olhos não é o mesmo de outrora.
Mas, poucos se preocupam com um olhar
pedindo socorro. Estão mais preocupados
em cobrar. Cobram uma postura de coragem,
de reação a qualquer custo, de ânimo,
mas, como isso é possível?
A sensação é de autoabandono, é
como se eu não estivesse mais ali, só o corpo.
Ouço tudo, vejo a todos só não tenho
a chave que abre esse calabouço.
Numa insana tentativa de vencer
essa grossa camada de gesso, me debato,
me lanço contra a parede de minha consciência,
me destruo todo, as marcas se revelam em
manchas pelo corpo, olhos fundos e sem vida,
ausência completa de emoção e sentimento.
Então, para dar motivo a essa situação
insustentável lanço-me às desculpas
mais simples e esfarrapadas para justificar
minha covardia de não reação.
Uma hora é a chuva, outra o sol,
de repente é o dia, outras vezes é a noite.
Sem contar que qualquer problema
corriqueiro é sempre um bom motivo
para usar como muleta.
Briga dos filhos por causa de meias,
calças, tênis, ou desavenças entre
noras e filhos, a doença dos pais, enfim,
tudo o que sempre aconteceu, mas,
agora vira um bicho de sete cabeças.
E o tempo passa, voa, a cada dia o Faustão
chega mais e mais rápido em casa.
As eleições se repetem com uma frequência
impensável, ditadores são destituídos,
os filhos dos amigos crescem e nem
percebo, seus pais se separam e nem
fico sabendo. Mais uma turma se forma
e o meu tcc continua na mesma.
Sabe o que eu acho?
Vou voltar pro meu quarto. Só quero dormir.
Mas, só pra constar...
Ainda estou aqui!
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 02/03/2011
Alterado em 16/07/2014
Alterado em 16/07/2014
Comentários