Ontem. Hoje.

Ontem. Hoje.

Dia desses tinha 11 anos;
E pensar que assim como eu não sabia das
pirâmides do Egito, até me falarem a primeira vez
através da cátedra primeira, poucos entre muitos,
sabem de mim; o tempo que levou para que se formasse
um e outro é o mesmo; passaram-se mais de 42 anos
e mais de 2000 anos respectivamente.
Seguimos nossas vidas e vemos que algo deixado
há tanto tempo na terra, vem atravessando gerações
e civilizações com a mesma força,
seja estrutural ou emblemática. Porque será que não
dispensamos o mesmo cuidado e atenção para com
‘nossa’ edificação? O Arquiteto é o mesmo!
Dia desse parado num semáforo, percebi que
havia um olhar fixo em minha direção;
Grudados em mim de tal forma que me forçaram
a mudar minha posição e percebê-los.
Um rapaz de aparência simplória, ente 20 e 28 anos,
com aspecto de abandono e maus cuidados.
Isso foi por volta das 14h00. Segui em frente e resolvi
o que tinha preparado para aquela tarde.
Ao voltar, umas 3 horas mais ou menos depois,
lá estava ele parado na mesma posição e com o olhar
fixo no mesmo ponto, percebi nesse instante que ele
não estava olhando para mim, mas, através de mim.
Nesse curto período de tempo, certamente esse
jovem envelheceu mais do que eu e as pirâmides juntos.
Onde foi que errei ao cruzar a estrada?
Eu pedi para cruzar a estrada. Mas, em que ponto
me distanciei daquilo a que me propus.
Envelhecer, não é o problema, nunca foi.
Mas, o que fazer na velhice do corpo físico é que
faz nossos olhos atravessarem paredes.
O caminho é manter-se na firmeza.
Na firmeza esta o norte.
O rumo a seguir, a direção na qual devemos
fixar o olhar é ser firme no propósito do bem, sempre.