Pode acreditar...
Os dias já não são os mesmos.
Amigos, muitos ficaram pelo caminho. Hoje, quem diria, sou órfão de pai. Muitos, de pai e mãe.
Sonhos foram tantos, quais se realizaram?
Primário, internatos, quartéis, faculdades, projetos, em que curva saímos dos trilhos?
Sigo em frente sem a certeza do tempo. Por sorte, esse é o mistério que nos protege. Por isso não há pressa, por isso tanta negligência com o nosso tempo. Mais tarde arrependemos-nos por dedicar tanto tempo ao trabalho se justificando que era para manter um mínimo de qualidade e segurança para a família. Hoje a família não reconhece tal esforço, ao contrário, cobra pela solidão vivida, esquece o motivo. E continuamos desprezando o tempo. Cadê o amigo que estava ali há dois dias, aquele com quem dava-mos muitas risadas e que sempre tinha uma boa maneira de encarar a vida e com bons conselhos?
Já não ouço os pássaros, não vejo as formas das flores com perfeição, não sinto a brisa com a mesma sensibilidade de outrora.
Não é culpa do tempo. Ela apenas está passando. A culpa é do vício contínuo e convívio com o descuido a questões imediatistas que nos tiram da rota. Com o tempo, passa inclusive a juventude, a pele resseca, os cabelos caem, embranquecem, a vista turva, os passos vacilam, as mãos tremem.
E agora, vai deixar assim?
Respire, ainda há tempo.
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 14/07/2018
Alterado em 14/07/2018