Textos


A piada é a seguinte:
- Ouvi dizer que do pó viemos e para o pó voltaremos. Então, fiquei pensando... Acho que não vou mais varrer o pó da casa, vai que eu varro um amigo ou um parente, sei lá, melhor não arriscar.

Bom, agora vamos ao que me proponho com este texto, e, sobretudo, o porquê dessa piada. 
Imaginemos uma macieira. Sua semente miúda após a decomposição do fruto caída no solo, algum tempo depois naquele espaço outrora ocupado pelo corpo da fruta, pelo que representava a maçã, seguramente irá nascer a partir de uma minúscula semente, um pequeno arbusto, uma nova macieira. Porém, antes e durante o tempo em que essa transformação toda se dá, aquele fruto caído terá alimentado toda uma colônia de pequenos e invisíveis insetos. Além, é claro, de servir de adubo para a própria cova, ou seja, para seu novo e futuro lar. Analisando desse ponto de vista, o mesmo se dá com os animais, pelo menos no que se refere à decomposição. Outros tantos animaizinhos hão de se alimentar desse, digamos, leão. Há, portanto, uma troca generosa entre tais circunstâncias.
Mas, e o homem? 
A que se presta a morte do corpo físico? A que serve nosso descarte material? Igualmente, servimos de alimento para seres minúsculos que tem por missão eliminar os resíduos do envoltório do espírito. Válido, portanto, dizer que até mesmo após a morte somos úteis. Lembro-me de Antoine Lavoisier, 
nada se cria, tudo se transforma. Nada se perde, tudo se recria. Observemos agora todo o líquido depositado na terra. Ainda que pelo ralo, mesmo que pela descarga. Nossa mãe terra os recebe e os filtra; todo líquido encontra um caminho, um veio d'água, um lençol freático. As nuvens, condensadas após a evaporação das águas da própria chuva, dos mares, oceanos, rios, nascentes, em dado momento, carregadas, precipitam-se em gotas d'água aos milhares, despejando em nossas cabeças. Nem preciso lembrar que aquela descarga em seu banheiro está de volta. Os dejetos viram adubos, mais uma vez estimulados por inúmeros e minúsculos animaizinhos; adubos em camadas do subsolo que em determinado tempo, após o cultivo, viram lindos pomares de frutas, macieiras por exemplo. A isso chamamos o eterno ciclo da vida. Não importa quem esteja no topo da cadeia alimentar. O alimento vem sendo o mesmo desde sempre. Quanto a nós, Homo Sapiens, o que perece é a matéria, a alma ou espírito, sobrevive fora do corpo e fora do tempo. Em breve, como uma semente, estará pronto para recomeçar seu ciclo. E assim se dará até que o homem entenda que não é necessário sacrificar para sobreviver. Demora? Certamente. Mas esse é o caminho da purificação, o nosso filtro, como as inúmeras camadas de terra que filtram a água nela depositada. É o caminho do reencontro do homem com sua essência, o princípio, Aquele que já era antes de ser, Deus. 

Paulo, que era Saulo, nos lembra que, enquanto houver um único semelhante meu abaixo de mim, serei um devedor. Portanto, a conta só fecha quando estivermos todos no mesmo nível, no mesmo andar.
Em igualdade espiritual.


Ah! Entendeu a piada.

 

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 12/04/2019
Alterado em 22/11/2024


Comentários