Hoje, ao sair de casa logo cedo, mandei mensagem para alguns amigos vizinhos, dizendo que queria tomar café ou um chimarrão. Bem de verdade, queria mesmo era prosear. A conversa com um conhecido é sempre proveitosa. Dependendo do veio que toma o rumo a viagem vai longe. Não só de tempo, mas de eras. Voltar no tempo com quem é contemporâneo faz um bem danado para fluidificar as lembranças e refrescar a memória. Com o passar do tempo o ser humano precisa desse contato com o passado, com pessoas de mesma idade e melhor ainda quando são de bom senso, coerentes, equivalentes no discurso. Uma das coisas que mais auxiliam o bem viver é saber que logramos ao longo do tempo amigos em quem podemos confiar, contar, mesmo que seja para uma caneca de chá. Das coisas que eu sei, fica a lembrança de quando pequeno, minha avó se fazia cumplice para passar pela janela da cozinha, um pedaço do bolo ainda quente, recém-saído do forno, para que ninguém visse, impossibilitando assim, satisfazer minha gula, já que naquele tempo, bolo quente fazia mal, no entender de minhas tias. Nessa pequena viagem, fica a certeza de que as três, vó Vitória, tia Maria e Tia Landa, já não estão aqui para me satisfazer com esses mimos. O tempo as levou, mas deixou uma marca importante morando comigo, nas minhas lembranças de quando criança.
Em tempo:
Na foto, Tia Maria e Vó Vitória.