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O Fio Que nos Une

Naquela manhã de chuva, véspera de inverno, havia sido questionado sobre o que se falava a meu respeito. Um tanto pensativo e quase que absorto por haver que se repetir a propósito, lembro-me de uma frase atribuída à Chico Xavier, que neste planeta teve uma vida monástica, porém, de intensa participação efetiva no lidar com a dor alheia; sem nunca deixar de servir ao próximo, dizia Chico, se o que falam de você é verdade, fique quieto; se o que falam de você é mentira, fique quieto. O ser humano é composto pela mesma substância que compõe o prego, o martelo, o peixe, as estrelas e a poeira cósmica. Tudo o que há sob nossa vista, percepção e até onde se possa compreender o que existe, material e imaterial, o ar, a poeira da calçada que usamos para caminhar, as águas dos oceanos, a claridade que percebemos, a ausência de luz, o vente, o cheiro, aquilo que existe ou que ainda haverá de existir, são compostos pelos mesmos 92 elementos daquela tal tabela periódica que lá no ginásio nos foi apresentada. Em proporções e escaladas diferentes e necessárias, mas, tudo tem de alguma forma um ou mais elementos daquela tabela. Quando dizemos que o universo é uno, que o ser que nos possibilitou ver e aprender sobre tudo o que há, ainda que o ponto de partida para nós, homo sapiens, tenha sido o big bang, não ouvi nenhum cientista, físico, filósofo ou teórico explicar em que momento a célula passou a agregar o que lhe era necessário e repelir o que não lhe interessava, ou seja, porque aquela criatura unicelular passou a decidir o que era melhor para ela e assim duplicar-se e gerar toda a vida no planeta. De onde veio essa inteligência? Quem lhe deu essa inteligência? Bom, é claro que nesse ponto haverá certamente enorme discordância e opiniões divergentes. Mas, ainda assim, insisto. Quem ou o que a possibilitou, e, quando ela passou a ser inteligente a ponto de concordar ou discordar do que lhe era oferecido? É provável que já se tenha lido e ouvido palestras acerca do tal fio que passa por dentro de todos e tudo o que existe possibilitando a união de todos os seres, de tudo o que possa existir no universo. Se na poeira cósmica, como afirmam os físicos, e ai sugiro como busca para pesquisas, o físico teórico Marcelo Gleiser, como no corpo humano encontramos as mesmas substâncias que compõe a tabela periódica, é preciso se dar pelo menos à curiosidade de pensar que houve sim um princípio, mas que, muito antes do big bang, já havia algo ou uma inteligência que possibilitou o evento do princípio para nós e nossa era. Digo que, Deus, criador do amor puro, onipresente, estava lá no antes de tudo, inclusive o big bang. Ao se alimentar de seu conhecimento, de tudo que possa ter sob essa camada grosseira que é o corpo físico, olhar para nossa essência, é possível que vejamos o tal fio que nos une a todos num só. Perceberemos então o imenso colar do qual somos apenas uma das pérolas que o forma. Neste planeta, e estou sendo bem otimista, provavelmente exista apenas uma centena de seres humanos que possam ver esse fio. Levando-se em conta que a ONU reconheça apenas 193 países como tal, estou dizendo que há mens de um habitante por país com essa habilidade, melhor dizendo, com esse dom. Somos 7,7 bilhões de humanos dividindo ruas, calçadas, espaço físico, portanto, -1,42857143E-8% dos habitantes da terra podem ter tal dom. Esse fio passa por nós unindo a tudo e a todos e levando-nos de volta ao ponto de partida, ou seja, Daquele que nos criou puros, simples e ignorantes. Então, por que eu deveria me preocupar com o que dizem a respeito de minha pessoa? Basta saber que eu sei se o que estão dizendo é ou não é. Se é, fico quieto; se não é, fico quieto igual. Porque me deixar enervar, estressar, por algo que sei do motivo. Quando Paulo de Tarso disse, sou um devedor, sabia que ele só estaria do lado Bom se todos pudessem estar no mesmo nível que ele, do contrário, estaria no lado Mal. Quanto a isso, refiro-me a um ditado indiano que diz simplesmente só existir dois tipos de pessoas, Boas e Más. Ou você é totalmente Bom, ou do contrário, é Má. Não se está falando em maldade vulgar, falo em maldade por não ser Bom na pureza em que fomos criados. Sou uma boa pessoa tentando ser melhor, mas estou longe de ser Bom para enxergar o fio que une a todos os seres, que dirá, tudo o que há. Se não posso aceitar, com a melhor das explicações, e explicação nesse caso é apenas um eufemismo de desculpa, uma simples diferença no meu semelhante, não consigo entender suas opções, então é sinal de que não estou pronto para ver o fio, já que não consigo ver o semelhante. Isto leva a um ensinamento bíblico, (Mateus 7.5), ”Retire primeiro a trave do teu olho, então verás o arqueiro...” e segue. Entendam antes, aceitar e entender, são compreensões distintas, uma remete a concordância, a outra a compreensão. Compreender é entender o que o outro defende; querer que o outro mude só por não ser concordatário com meus argumentos, isto é falta de indulgência, falta de compreensão da diferença de níveis que existe entre ambos. Aceitar apenas, fazer o que o outro faz, só para aceitá-lo, isso não me agrega, nesse caso é ser conivente.
De tudo o que eu sei, e sei para mim apenas, continuo no Caminho.

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 09/06/2019
Alterado em 31/07/2023


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