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Na foto, meu avô paterno, Antonio, minha prima, Magali e meu irmão Beto!

Sou do tamanho do que meus olhos alcançam, não sou do tamanho de minha altura.  Fernando Pessoa


Estatísticas, realidade do país, refutada, negro rico, avestruz, poderosos, inocentes...
Tudo o que se vê com os olhos da carne, o que se percebe com o olhar de fora tem um nome. Nome criado e dado por nós, homens racionais, emocionais, convencionais, audazes. Sou conhecido pelo olhar do outro.
Passo a ver o que todos veem, coisas incompreensíveis, díspares, complicadas, irregulares, pseudos perfeitas. Tudo o que está do lado de fora, estatísticas imperfeitas. Cores que não combinam. Perfumes que desagradam. Palavras que separam. Olhando para fora, vejo ricos, pobres, pretos, brancos, felizes, tristes. Vejo quantidades. Vejo qualidades. Mas, sempre estão do lado de fora.
Quando enfim, percebe que quem cria é a mente, volto meu olhar para dentro, me vejo.
Percebo como sou. Não há distinção de cores, de gêneros, de riquezas, de altura, largura. Mas, acostumados a olhar o jardim alheio, fico tentando melhorar o meu gramado. Caso não consiga, mergulho no lamento, quando não, na inveja. Olhando para dentro mostro o que tenho da essência. Há uma diferença enorme entre ser e querer ser. Se não podendo ser, contento-me com quem sou. Do contrário, estou me sabotando. Passando uma imagem falsa de minha própria identidade. Não posso subestimar minha criação, meu potencial. Não posso pensar que sou pequeno por culpa dos outros. Sou maior quando adimito minha própria altura perante a mim mesmo. Ainda que me rotulem, sou eu quem decido o que há de me elevar. Nunca foi fácil. Não devemos esperar que seja fácil daqui para frente. Não se trata de enterrar a cabeça num buraco. Trata-se de olhar para dentro de cada um. Quantos estão com a cabeça erguida e o moral soterrado. Quantos tem poder, dinheiro, posição e precisam de doses cavalares para dormirem. Que ao final da vida não tem para quem deixar o que cultivou. Ao continuar me autorrotulando, só aumento as distâncias.
Sou cria do mesmo barro.
Não será possível mudar o mundo ou que pensemos do mundo apenas com os olhos de fora, mas com os olhos do coração.
O olhar de dentro.



Pela ordem da foto: Tio Washington, Tia Záira, Avô Antonio, Avó Vitória, Bisavó Amélia, Bisavô Jonas, Avô Portella e Sadi Pinto, amigo da família; sentados, as crianças, Maria Luiza e Iolanda, minhas tias; no canto esquerdo o casal Rachid Saldanha Derzi e Edwiges.

Foto de capa: Meu Bisavô Antonio com meu irmão Beto e minha prima Magali. 
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 12/06/2020
Alterado em 02/09/2021


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