Uma homenagem a tantos que como o Dr. Jeterson Amaral dos Santos, vem se colocando na linha de frente no atendimento à pandemia.
Este é um assunto que trata das emoções, dos sentimentos, do que realmente nos faz parar ainda que por um segundo e pensar. Ainda que seja uma fração de segundo, não passa batido por ninguém em algum momento. Portanto, não se pense diminuído, desconsiderado e menos ainda desrespeitado. Trata-se de um tema ímpar, único e que a cada um é devido. É como imaginar do lugar de onde viemos e para o qual entraremos de volta. Estou falando do buraco, ou se preferirem, da caverna. Sim, isso mesmo. Entramos nesta vida, neste planeta, saindo de um buraco, voltamos, entrando noutro buraco. É possível que lhes pareça um tanto desrespeitoso e até vulgar. No entanto, esta analogia é perfeitamente plausível para mostrar como entramos e saímos de cena. Partindo da seguinte estatística obituária, daqueles que se tem o registro, os suicídios dão conta de um total de 800 mil por ano. E mesmo esses que tiram a vida sem o consentimento de quem as Lhes deu, nós paramos em homenagens e sentimentos pela coragem ou covardia, dependendo do ponto de vista de quem se depara com tal situação, não entrarei nesse mérito. Mas ficamos pensativos, tristes, emotivos. E nos interrogamos, por quê? Porém, após três dias, um pouco mais, a vida seguiu seu curso, somos levados a voltar ao trabalho, a cuidar da casa, dos que continuam fora do buraco e logo em seguida voltamos ao normal. Então, acontece outro caso que nos remete ao mesmo ponto, não necessariamente um suicídio, mas, mortes acontecem todos os dias e de todas as maneiras. O que sei é que só se pode falar a respeito quem tenha vivenciado tal situação. Não foi diferente comigo. Meu pai morreu num dia de festa, 25 de dezembro, natal, exatamente o dia de aniversário de nascimento do meu irmão mais velho. E no dia 23 de setembro, dia que comemoro a data em que conheci a Rose, minha esposa, três dias antes de meu aniversário, meu irmão mais novo, com 51 anos, faleceu enquanto pedalava indo ao encontro de nossa mãe, que não sabia bem por que ele estava atrasando tanto, coisa que nunca acontecia. Assim é, cada um tem sua história. Não posso dizer que minha experiência tenha sido igual à de minha mãe. Certamente a dela foi diferente entre a morte do marido e a do filho. Assim como a minha em relação ao meu pai e meu irmão. Portanto, não é algo que devamos ter como o fim, mas uma rebobinada na grande roda gigante do Criador. O que mais conta nisso, é que ao sair de um buraco e entrar em outro, a linha do tempo é igual para todos. São as escolhas que nos tornam mais ou menos longevos. Evidentemente que não é o caso em relação à uma pandemia, mas seguramente essa perda precoce, ainda que sejamos octogenários, somos bebês num plano maior que Deus nos reserva. Bem, a propósito da dor, do distanciamento da presença física, apenas trocamos de lado. Logo nos encontraremos. Tendo Jesus como caminho, confio em Deus!
Em tempo: Dr Jeterson Amaral dos Santos faleceu na madrugada desta quarta-feira, 19 de Agosto de 2020, vítima do Covid.
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 20/08/2020
Alterado em 20/08/2020