Textos


A Revolta dos Bichos, da Rê.

 

Em visita ao Kyozky, dizia naturalmente, sem a menor pretensão em distingui-los, com a eloquência de quem falava o trivial, o mais corrente e notório cotidiano, disse-me que o Djãnho havia sido elevado ao posto do mais novo xodó da casa, e que o havia recebido em presente dado por uma senhora que, na verdade, eram dois, portanto, um casal, mas que por algum motivo a fêmea, irmã de Djãnho, havia sucumbido ao tempo e demora pelo cuidado que lhe adivinha, vez que, muito nova e debilitada, não resistiu quando de sua chegada, afinal, com o tempo desabando em água, a Rê, quase transformando-se em sapo, tanto que chove na pequena e úmida, Itapoá, atrasou para buscá-los.

Nossa cidade nem sempre é assim, mas este ano, 2021, o inverno, seguido de muita chuva, tem, não apenas três, mas, seis meses e deve continuar por mais alguns dias, haja vista as previsões cada vez mais precisas do tempo.

Mas, voltando ao Djãnho, sim porque, o bicho é um demônio, trata-se de um ganso. Caga por todo o quintal e se entrar na casa o faz igual. Pois é, minha amiga ganhou um ganso de presente. Agora me diga, alguma vez alguém disse para você, - ganhei um ganso!

Por si só, trata-se de algo inusitado, não é todo dia que alguém se chega e diz euforicamente, - Cara, pensa num presente bacana, ganhei um ganso!

Opa, como assim? Ganhei um gato, um cãozinho, uma rasteirinha, uma camiseta! Mas, um ganso? Já é um tanto difícil e comprometedor cuidar de um cão, que dizer de um ganso. Logo mais reportarei ao cão em questão.

Dito isto, o Tutu, não deu a mínima, quieto e ligeirinho, é também, segundo minha amiga, um amorzinho. Bem, Tutu é um coelho. Não me pergunte como os dois estão se entendendo, mas o fato é que enquanto o Djãnho defeca o tempo todo e em todo o lugar, na verdade, para onde o orifício anal estiver virado, lá vai bosta, o Tutu por sua vez, educadamente procura sempre o mesmo lugar no jardim. Sempre.

Mas quem não quer saber quanto mais ‘ver’ o que está acontecendo é a Mimi, a gata, ela é deficiente visual, para ser politicamente correto, por esse motivo não 'quer ver’, entende? Mas, como diz o ditado, em terra de cego quem tem um olho é rei, a Maria, um doce de cachorrinha, tem um olho. Verdade, o outro furou, perdeu, alguma coisa aconteceu e ela se vira com o que sobrou. Lembram que disse que reportaria sobre o cão? Vai lendo!

Bom, um ganso, um coelho, uma gata cega e para completar o Paçoca. Sim, tem mais uma espécie na casa, ou no zoológico improvisado.

O Paçoca é, digamos, um falador, sabe tudo e comenta sobre tudo, é chegado num beijinho e afagos de carinhos, o que é natural nas Calopsitas, pois é, achou que tinha acabado? Nem Darwin aguentou.

Mas, como disse minha amiga Rê, o sonho de consumo dela era ter um Ganso. Sonho realizado!!!

Fico imaginando o que a Maria acha de tudo isso? Com o único olho que lhe resta, precisa presenciar essa festa. Festa estranha com bichos esquisitos, ela não legal. Também, com um inquilino chamado Djãnho? O que vier é lucro.

 

Em tempo: o texto acima foi escrito em 22/10, sexta-feira(!), acontece que, antes de ser publicado precisei confirmar o nome e a situação fisiológica de cada um dos personagens, eram tantas as características e distintas, que nesse intervalo, hoje, 27/10, não por motivo de chuva, aliás, o dia está maravilhoso como deve ser o sol de primavera, fiquei sabendo do falecimento do Djãnho. Pois é, em tempos atuais, qualquer comorbidade é no mínimo sinistro, o ganso, sonho de consumo, não resistiu a uma forte anemia e, claro que o Tutu, lembram do coelho?, deve ter zoado o Djãnho por não fazer o cocozinho dele de forma adequada e sempre no mesmo lugar, ele deprimiu também.

Lamento pelo passamento do Djãnho, e meus sinceros pêsames à minha amiga, Rê.

 

Foto Capa: Segredos do Mundo.r7

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 27/10/2021
Alterado em 27/10/2021


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