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Desconhecer o futuro é perfeitamente plausível — e, talvez, até necessário. Afinal, se o soubéssemos de antemão, ele já não seria futuro, mas um passado adormecido em trajes de amanhã. Veja que óbvio! Tão óbvio que muitos se esquecem de olhar. O futuro, por definição, escapa das mãos — não por maldade ou crueldade, mas por uma elegante teimosia que lhe é própria. Ele é o invisível que nos molda, o silêncio antes da nota, o passo antes do chão.

 

Essa ausência de controle nos incomoda. Há um desconforto inerente em caminhar sem saber se há terra firme adiante. E isso nos faz pensar. Pensamos tanto que, por vezes, nos convencemos de saber — ou fingimos que sabemos — apenas para não admitir a fragilidade da dúvida. Mas até que ponto somos legítimos ou sinceros na construção de nossa análise? Que parte de nós está realmente presente quando afirmamos algo sobre o incerto?

 

Seja nossa visão revestida de esperança ou de medo, apenas nós saberemos a fonte real do que projetamos. O exterior pode aplaudir a coragem, mas o íntimo sabe se o gesto veio da fé ou da fuga. Seria então o caso de fingir bem, a tal ponto de parecer o mais honesto possível? Mas fingir… fingir é teatro. E o palco da vida não tolera longas temporadas de mentira sem cobrar seu preço.

 

Fingir serviria apenas para alimentar a curiosidade alheia — aquela sede insaciável de respostas definitivas. A nós, sequer satisfaria o ego. Porque o ego não se alimenta de mentiras bem contadas, mas de verdades não ditas que dançam no escuro. Qual a vantagem íntima de um argumento fictício, se ele não nos transforma, não nos eleva, não nos confronta?

 

Usemos então uma metáfora: fingir conhecer o futuro seria como pintar um sol em um teto fechado e esperar que ele aqueça o corpo. Ilusão bela, talvez. Reconfortante, quem sabe. Mas jamais verdadeira. O calor do amanhã só vem quando ele chega. E nenhum desenho, por mais preciso, pode substituir o brilho de uma manhã real.

 

Desconhecer o futuro não é sinal de fraqueza. É, antes, um ato de humildade diante do mistério. É o reconhecimento de que o tempo tem seus próprios passos, e que há sabedoria em aceitar o ritmo que não controlamos. O futuro é como o vento: invisível, mas presente. E quem aprende a escutar seus sussurros, mesmo sem vê-lo, talvez esteja mais preparado do que aquele que grita certezas ao vazio.

E porque não pensar um futuro com endereço acolhedor, pequeno, ensolarado e no litoral?

Basta pensar positivamente!

 

foto: @juciara.pianco

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 13/06/2025


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