Psicologia, uma escolha.
Quando escolhi minha profissão
Ou... porque psicologia.
Em dezembro de 2000 fui convidado a ser padrinho em uma formatura de Psicologia. Minha sobrinha e afilhada, Daiane dos Santos Padovan e Cristiane Vinholi, sua amiga e colega de curso. A íntegra do discurso está no texto abaixo:
Porque escolhemos uma carreira
Tudo o que se diz em palestras, eventos, convenções, reuniões, enfim... Tudo já foi dito de uma forma ou de outra. Para resumir bem o que isso significa, nada se cria, tudo se copia! Frase extremamente verdadeira e verdadeiramente controvertida. Imagine se eu ou qualquer um aqui presente, viesse à frente para falar sobre duas garotas fantásticas e irreverentes, lindas e charmosas, iguais e diferentes, sorrisos conquistadores, olhares sedutores, lábios maliciosos, mentes misteriosas e afiadas, filhas extrovertidas e principalmente, amigas e cúmplices admiráveis. Se, por tudo isso alguém viesse aqui para dizer o óbvio ou fazer leitura de textos prontos apenas, não teria valido a pena nossa intenção. Mas, de sorte que somos precedidos de grandes pensadores. Muito foi dito sobre a Turma Sigmund Freud, sobre frases feitas de autores de renome. Meu preferido: Friedrich Wilhelm Nietzsche. Antes, porém, peço com todo carinho a vocês neste salão que a partir deste momento, ajam com simplicidade, sejam crianças novamente, sejam ingênuos, busquem a mais tenra e singela imagem que sua pureza possa alimentar, vão de encontro à ternura e, principalmente à criança que habita em cada uma de vocês. O maior de todos os filósofos disse: - ‘Deixai vir a mim as criancinhas...’ (Jesus) alusão à inocência e pureza d’alma. Portanto, o trecho de Nietzsche que escolhi para dar sentido a vocês, homenageadas desta noite, depende muito dessa criança que habita o íntimo de cada um de vocês formandos.
- "... E se um demônio ou anjo se arrastasse sorrateiramente atrás de você na mais solitária de suas solidões, e dissesse: ‘Esta vida que está vivendo terá que ser vivida por você novamente, durante vezes sem conta, e cada dor ou alegria, cada pensamento ou suspiro irão ser repetidos por você, todos pela mesma sequência. A ampulheta eterna será virada uma e outra vez, e você com ela, pó do pó...’ - Você, se deitaria por terra rangendo os dentes e amaldiçoaria esse demônio? Ou responderia... – Nunca tinha ouvido nada tão Divino!"
Quando pedi a singeleza de vocês todos e, sobretudo de vocês duas, é porque, quando criança, não tínhamos medo; o medo tinha outro nome, outro significado. Crescemos e cultivamos manias, crendices, superstições e com tudo isso, cultivamos o medo. Alguns usam palavras mais sofisticadas para variar no mesmo tema, tabus. Buscando entender o texto de Nietzsche, chego a algumas conclusões, as quais dividirei com vocês e por sorte que as conclusões são várias, primeiro porque somos diferentes no pensar, no agir e muito mais diferentes no interpretar a vida como se apresenta a nós em suas várias etapas. De tudo, se pode deduzir o seguinte: Sejam Psicólogas! Sejam na verdadeira acepção da palavra, no mais profundo de seu significado, naquilo que a entendem por mais sagrado. Lembrem-se, vocês têm o que de mais belo e sagrado alguém possa dispor para formar conclusões e pensamentos acerca da vida que terão pela frente. Suas famílias. Tiveram e tem exemplos dentro de um lar que lhes serviu de apoio, de ponto de partida, de porto seguro quando sua nau a deriva se debatia em águas turbulentas. Tiveram ainda, recursos suficientes para concluir, mesmo com o sacrifício de seus familiares, o curso escolhido de forma brilhante e com louvor. Mas, não deixem o medo dominar seus ideais, combatam a cada momento, a cada investida, não percam o foco e o propósito de seus objetivos como Psicólogas. É chegada a hora de servirem de porto seguro. Bússolas àqueles que não conseguem atravessar a reta que os separa da tranquilidade e segurança, que os recoloquem no devido e merecido lugar na sociedade e principalmente na harmonia da família. Nunca deixe para o amanhã, façam e façam-no bem. Sejam conclusivas e fraternais. Sejam objetivas e dóceis. Sejam profissionais e amigas de seus pacientes.
Para concluir quero propor um exercício a vocês. Imagine que você seja convidada a atravessar uma avenida movimentada em horário de intenso trânsito, e, numa barra de aço, com apenas 30 cm de largura a uma altura de 80 metros do solo, fixada na borda de um prédio ao outro. Alguém diz a você que ande com segurança e sempre em frente sem olhar para baixo, assim sendo, você não terá problemas para concluir o teste. Certamente você perguntará, a troco de que tenho que fazer essa travessia? Se porventura tivesse que fazê-lo, exigiria uma rede de segurança logo abaixo, um cabo de fixação, tempo para treinar, etc. Isso é o que a 'prudência' (mais um dos nomes do medo) nos faz pedir. Agora, vamos mudar o ‘estímulo’. E, se ao invés de vocês terem que atravessar pura e simplesmente, alguém lhes diz: - Olha! Está vendo aquele ‘cara’ no prédio do outro lado da rua, na ponta desta barra? Pois bem, ele acaba de assaltar um banco e tem como refém seu filho, a única forma de você salvá-lo é indo em sua direção e propor uma troca, você pela criança.
E, agora? O que você me diz? O que mudou? Exatamente. Mudou o ‘estímulo’, o seu objetivo é outro. Agora a sua segurança deixou de ser o fator principal, o medo dá lugar a um sentimento maternal e de puro amor. Pois bem, tratem assim os seus pacientes. Como se fossem crianças em quartos escuros, implorando por socorro e que apesar de toda a aparência constrangedora e assustadora, estão em busca de alguém que as salvem.
É um enorme prazer para todos nós estarmos fazendo parte desse momento único na vida de vocês.
Seja como pais, irmãos, tios, primos, colegas, amigos!
Que o Grande Arquiteto deste Universo as abençoe.
Que Jesus as ilumine.
Continuem contando com todos nós!
Responsabilidade e Felicidade!
Campo Grande-Ms, 22 de Dezembro de 2000.
na foto: Daiane com o filho Gabriel e meu filho Mendel tocando violão!
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 19/05/2008
Alterado em 03/12/2019