Quando se tem mais de cinquenta anos.É preciso atentar que uma pessoa que passa meio século neste
mundo, merece um tanto de atenção. Ainda mais se tratando de
uma mulher. Desde pequena sofre os assédios comuns a muitas
meninas. Convivem com lembranças de parentes, pai, irmão,
primo, tio e todo vizinho que tenha acesso à casa como o melhor
amigo da família. Sendo acordada na calada da noite pelas mãos
frias e indesejáveis por entre os lençóis. Colinhos maliciosos.
Vencido a primeira fase, vem as dúvidas e o medo retorna com
namoros complicados, casamentos desarranjados. Casadas, vem
um turbilhão de novas emoções (tarefas). Filhos, marido, sogros,
cunhados e cunhadas. O dia começa cedo quando os filhos
aparecem. Por vezes a noite emenda com o dia e o dia com a
noite. Sair correndo pela madrugada pedindo ajuda aos vizinhos,
batendo em portas, janelas que encontra pela frente e sem
resposta. Correr para o pronto atendimento que nem sempre é
pronto. E saber que a angustia continua até que o semblante e
o sorriso do filho volte ao normal, lhe devolvendo a calma.
Isso tudo leva tempo.
Aceitar as infantilidades do companheiro, afinal, “eles”
tiveram criação diferente. Precisam de autoafirmação.
São machos. Cabe a elas entenderem. Essa rotina leva à
renuncias. Sacrificam estudos, projetos, sonhos. São levadas a
aceitar traições, seja por conta da tradição, por conta da
ignorância que mais tarde, por mais que perdure, acaba se
descobrindo possuidora de coragem para seguir só. Mas, ai o
tempo passou para tantas coisas, inclusive ser mulher.
Outras aceitam por uma razão muito simples. Amor. A mulher
ama. Simplesmente assim. Já o homem, ama também, mas é
diferente. O amor da mulher tem um ingrediente a mais, a
maternidade. Sabe-se lá o que acontece naqueles nove meses
que carrega uma pessoa, um ser em seu ventre. Para depois
seguir uma vida inteira ligada a esse pedaço que lhe sai e em
determinado tempo lhe dá as costas. Mesmo longe, sente cada
dor que o filho sente. Esse tipo de amor é só delas. Essa forma
de amor, faz acreditar em muitas outras maneiras de amar que
aos homens passa longe. Em minha crônica, Porque o homem é
sempre João e mulheres sempre Maria?1 (05/12/2014),
chamo atenção para esse fato. Depois de um tempo os filhos
crescem, o marido ou companheiro já não é mais o mesmo.
E não é do físico que ela se queixa, é das promessas, das juras,
da atenção, do companheirismo de antes. Mais uma vez tem que
conviver com o que não lhe foi ensinado na infância.
Que o mundo é assim. Que as pessoas são diferentes umas das
outras, que o mundo parece ter sido moldado por mãos
masculinas, afinal, Deus é homem na configuração à que foi
moldado e apresentado aos terráqueos. Sei que a compreensão
para essa questão é pessoal e precisamente do nível de
entendimento individual. Tudo isso aliado à fé racional,
evidentemente. No entanto, é assim que grande parte da
população e a maioria das religiões, sobretudo, as três maiores,
Cristianismo, Judaísmo e Islamismo a colocam na segunda
pessoa da criação. O homem veio primeiro e portanto, a ele a
primazia. Mais uma vez é preterida, agora pela sua fé.
Sua crença a traiu? Só o tempo lhe dirá. Uma coisa é certa, o
homem veio primeiro, mas quem decide se ele continuará a vir,
é a mulher. Estamos todos diante de mais um dos mistérios do
Criador. Só ela pode gerar a vida. E hoje, já não precisa da
presença do companheiro para tal. Aliás, já viu algum homem
grávido? Dando a luz? Onde a compreensão para tais questões?
Em que pese toda a fé e conhecimento, Deus não é homem e
uma única existência não é suficiente para se conhecer tudo o
que esse Deus criou para nos mostrar.1 http://www.luizcomz.com/visualizar.php?idt=5059709Porque o homem é sempre João e mulheres sempre Maria?
LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 09/08/2016
Alterado em 09/08/2016